Foto: Peito do Pombo; um dos pontos turísticos do vale.
História do Sana.
O Distrito do Sana aparece em documentos oficiais desde 1813, por ocasião da elevação de Macaé à vila, por carta do Príncipe D. João, em que o mesmo constava como nono distrito. Foi confirmado na República por força da Lei Estadual nº. 554, de 31 de outubro de 1902, por iniciativa de um grupo de cidadãos mais esclarecidos. A partir daí, o distrito passa a ter direito à um vereador para a Câmara Municipal, a um oficial do registro civil, a uma subdelegacia de polícia, a uma agência de correios, e uma série de outros melhoramentos. Já a origem do seu nome é permeado de lendas, das quais a mais célebre nós a conhecemos pelo relato de Osmar Sardemberg, ilustre jornalista nascido no distrito.
“Um dia, no ano de 1824, talvez, um europeu desses dos da colônia do Morro Queimado desceu, com outros poucos, as serras de Nova Friburgo em busca das terras do café, e veio instalar-se junto à um riacho de águas muito claras e leves que musicavam as selvas na voz de suas cascatas. Embevecido, sentindo a delícia da água e a beleza do ambiente, resolveu prestar uma homenagem àquelas recordações com o sentimento que levou o poeta a dizer: ‘Saudade é uma ponte mágica / entre o passado e o presente, / por onde tudo que passa / volta a passar novamente’. E consigo mesmo: ‘Este será o meu Sena, o Sena do Brasil, longe da civilização e do mundo, correndo a meus pés, saciando a minha sede, banhando o meu corpo cansado, ajudando no objetivo que aqui me tem: produzir café’. Por cauda da sua pronúncia francesa, o rio, a região e, mais tarde o Distrito, passaram a se chamar Sana.”
O Ciclo do Café
O café era plantado em Sana por pequenos proprietários rurais, já que o terreno alcantilado não permitiam extensas plantações, nem o seu isolamento permitia grandes lavouras. Entretanto, nada disso impediu que o café se tornasse o grande produto da região, trazendo muita prosperidade ao local. Toda a produção do Sana até então era escoada por tropas de burro até Indaiaçu, e dali para Barra de São João, de onde embarcava para o Rio de Janeiro. A inauguração, mesmo a título precário, do canal Campos – Macaé faz decair o porto de Barra de São João, aumentando ainda mais o isolamento de Sana, que perde seu escoadouro natural. Como alternativa o distrito, em 1926, passa a ter duas opções: em lombo de burro até Cachoeiros de Macaé, onde inauguram a Ponte do Baião; e através de Glicério, onde construíram uma ponte sobre o Rio São Pedro, por ocasião da inauguração da usina hidrelétrica. Durante este período, o Distrito do Sana vive o apogeu do café, mas não escapa de seu declínio, a partir de 1929, com a quebra da Bolsa de Nova York, provocando seu esvaziamento. O café então é varrido dos morros de Sana, causando depressão econômica e desemprego.
Com o fechamento da usina hidrelétrica de Glicério em função da inauguração da usina de Macabu, e o crescimento de Casimiro de Abreu, a partir do asfaltamento da BR 101, a população definitivamente, começa a deixar o pequeno e isolado distrito rural pela emergente cidade, provocando sua completa paralisação.